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Arrependimento e as escolhas do passado: Como seguir em frente?

  • Foto do escritor: Italo Weiner
    Italo Weiner
  • 19 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 9 de dez. de 2024

Quem nunca olhou para trás e pensou: “E se eu tivesse feito diferente?” A vida é feita de escolhas, e algumas delas têm um impacto que pode durar anos, até mesmo décadas. Você já deve ter se pegado imaginando como seriam as coisas se tivesse tomado outras decisões e a pior parte é quando ficamos presos nestes pensamentos  impedidos de avançar. Mas por que somos tão afetados por nossas escolhas passadas? Como podemos aprender a lidar com esses sentimentos e seguir em frente?

Na psicanálise, as escolhas que fazemos dizem muito sobre nosso funcionamento psíquico, somos movidos por impulsos e desejos que quase nunca compreendemos plenamente, o que significa que nossas decisões, mesmo aquelas que parecem erradas, têm um sentido dentro da lógica inconsciente que guia nossa vida.

Quando olhamos para o passado, é fácil julgar nossas ações com os olhos de hoje, esquecendo que naquele momento, estávamos tentando fazer o melhor com o que sabíamos e sentíamos. A sensação de arrependimento surge quando percebemos que as consequências de nossas escolhas não correspondem ao que esperávamos. Esse sentimento é intensificado pelo que Lacan chama de “fantasma” — um cenário idealizado que construímos em nossa mente sobre como as coisas poderiam ter sido. Esse fantasma é uma construção imaginária, uma versão perfeita da vida que não se concretizou, mas que continua nos assombrando.

Muitas vezes, o arrependimento está profundamente ligado à culpa. Sentimos que erramos, que falhamos com nós mesmos ou com os outros, esta culpa pode ser uma força paralisante, nos mantendo presos em um ciclo de autocrítica e ressentimento. Mas, por algum motivo, algumas pessoas utilizam da culpa como uma maneira de tentar manter controle sobre o que já aconteceu, como se, ao se punir, fosse possível, de alguma forma mudar o passado.

Um teórico chamado Lacan nos lembra que a culpa é, em muitos casos, uma defesa contra a angústia. Ao nos culparmos, evitamos confrontar a incerteza do futuro e o reconhecimento de que não temos controle total sobre nossas vidas. Esse processo de autocondenação impede que aceitemos o fato de que a vida é, em grande parte, imprevisível e que erros fazem parte da experiência humana.

Aceitar nossas escolhas passadas é um processo de reconciliação com o desejo que nos movia naquele momento. Lacan sugere que, mesmo as decisões que parecem irracionais ou erradas têm uma lógica própria dentro do nosso inconsciente, isso significa dizer que nossas escolhas são respostas a demandas internas que nem sempre são claras para nós, reconhecer isso pode ser um passo importante para deixar de lado a autocrítica constante.

Quando aceitamos que nossas decisões foram uma tentativa de responder aos desejos e medos daquele momento, conseguimos nos libertar do peso do arrependimento, isso não significa ignorar as consequências, mas sim entender que somos seres complexos, guiados por uma série de fatores conscientes e inconscientes.

Em vez de ver o arrependimento como algo que nos prende, podemos usá-lo como uma ferramenta de movimento, cada escolha que fizemos nos trouxe até o presente, e é com base nessas experiências que construiremos um futuro. Nossas escolhas passadas, por mais impactantes que tenham sido, não determinam quem somos agora. A psicanálise nos lembra que o sujeito está sempre em movimento, sempre se transformando. Em vez de se fixar no que poderia ter sido, é possível encontrar novas maneiras de se relacionar com o passado, reconhecendo que, embora faça parte de nossa história, ele não nos define completamente.

Ao abraçar nossas escolhas, com todas as suas falhas e acertos, ganhamos a liberdade de continuar escrevendo nossa história sem as amarras do arrependimento. Assim, podemos olhar para o futuro com mais leveza, sabendo que, apesar das escolhas do passado, somos sempre capazes de recomeçar.


Imagem de autor desconhecido
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